Total de visualizações de página

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O MEDO DA MORTE



Dra. Maria do Socorro Almeida

    Ter medo da morte é também uma forma de mecanismo de defesa contra sua mais clara impossibilidade de não morrer. O medo é um sentimento muito forte que constrói outros sentimentos, castradores e punitivos que vão transformando algumas emoções de cismas, receios e pequenos medos em verdadeiros sentimentos de pavor. Apesar de sabermos que a morte é um fato intransferível e impossível de não acontecer, precisa-se entender que ela é uma coisa normal, assim, o medo da morte tem que ser moderado, posto que este medo em excesso vira um caso patológico e, com isso, passa a prejudicar a vida do sujeito, podendo transformar este sentimento numa permanente falta de tranqüilidade. Muitas pessoas têm imenso medo do momento da morte. Ficam, até, idealizando uma morte sem sofrimentos, no entanto, sofrem antecipadamente com esse pensamento, deixando de ter uma vida calma e serena, com harmonia e fé. Esse medo torna-se pavor ao ponto de muitos não suportarem a idéia da velhice, o esquecimento, a falta da beleza estética, por isso recorrem a dolorosos tratamentos de rejuvenescimento, na tentativa de sentirem-se amados e buscam desesperadamente esse tipo de tratamento pensado numa imortalidade. Por mais que se compreenda que o medo é um processo natural, o homem ainda não aprendeu a conviver com esse sentimento castrador, que vai cumulando consequências psicológicas, as quais vão comprometendo a saúde física e mental do ser, tornando-o um refém de si próprio, vivendo atormentado, atemorizado por seus fantasmas, abdicando de um viver saudavelmente tranquilo. A compreensão da morte é entender o sentido da vida. Não existe uma nova vida sem a morte de uma vida anterior. São as transformações essenciais que vão acompanhando o ciclo natural , que vão redimensionando novos ciclos que se repetem através das emoções, das descobertas e da transcendência. 
     A vida tem várias etapas e passagens de fases. Começa na fecundação onde inúmeros óvulos e espermas morrem para apenas ser fecundado um, virar embrião, sobreviver e vingar; nascer. Esse processo continua com a sequência do novo ciclo que é a formação do embrião, o qual dará lugar ao feto, que por sua vez resultará na formação  do bebê. É a consequência natural da morte de uma fase para o nascimento de uma outra. 
    Portanto, quem não morre? O que não morre? Morrer é tão necessário quanto viver! Como disse São Francisco de Assis: “É morrendo que se vive.”


Nenhum comentário: