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quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Esquizofrenia em crianças e adolescentes
domingo, 18 de outubro de 2020
Converse com seu inconsciente
Esse ilustre detectado por Freud é que influencia nossas escolhas e atitudes. É ele que nos ajuda a organizar nossa memória, desejos e experiências. Quando queremos esquecer certas experiências ou quando simplesmente elas são traumáticas o inconsciente as absorve e depois vai liberando-as suavemente em sonhos e fantasias. Muitas vezes nos pegamos sonhando acordados como diz a música, “Sozinho: Caetano Veloso” e é verdade “a imaginação é a louca da casa”, como diz Santa Teresa de Ávila. Todos esses comportamentos de dizer não quando se quer que seja sim e dizer sim quando se quer que seja não, tem a ver com mecanismos de defesa e, portanto com o inconsciente. Aos poucos ele vai se nos revelando através de sonhos, atos falhos, desejos, imaginação, esquecimentos, lembranças boas ou ruins que surgem de repente e sem motivo algum para o seu aparecimento, transferências etc.
Depois de revelado por Freud, o inconsciente passa a ter um papel importante em nossas relações pessoais. O inconsciente não é uma invenção de Freud, ele sempre existiu, segundo Lacam desde que organizamos nosso sistema de comunicação pela fala. O que Freud fez foi usá-lo para revelar o sujeito a si próprio, aliviando sofrimentos psíquicos, neuroses e sintomas. Colocando a pessoa de bem consigo mesma. A análise modifica as pessoas sem que elas se esforcem para isso. Após algum tempo de análise, muitas pessoas se perguntam surpresas “o que acontece”. Elas ficam menos repetitivas, mais assertivas e mais independentes, mas não sabem precisar em que momento essas transformações ocorreram. Outras deixam vícios de fumar e de tomar bebidas alcoólicas sem nunca mais sentir falta desses vícios. Resolvem as neuroses, ficam mais calmas e de bem consigo mesmas e aí vão deixando as compensações, que lhes fazem mal, sem sofrimentos.
Por que uma pessoa que você está vendo pela primeira vez lhe incomoda sem que ela tenha feito nada de mal para você? Ela desperta um sentimento de repulsa em você e você “não vai com a cara dela”. Essas são manifestações do inconsciente que tenta lembrar algo que aconteceu e foi desagradável para você, associando o fato àquela pessoa. Sempre lembrar que o que lhe incomoda não está no outro, está em você. Assim ficará mais claro para você muitas atitudes de pessoas que lhe desagrada. Você é quem precisa resolver suas reações, então nunca será demais buscar a auto compreensão. É considerar que o outro com o qual me relaciono também tem inconsciente e por isso ele também reage às minhas abordagens, às vezes sem compreender o porque de suas reações. Nós somos interpretados o tempo todo pelo que despertamos de inconsciente do outro. Aquilo que estamos falando nem sempre é o que o outro está entendendo. Eu falo, mas o outro interpreta a minha fala e surgem os mal entendidos porque entra a vivência dos traumas paixões, sentimentos emoções vividas pelo outro que se intrometem entre nossa fala.
Além do inconsciente se revelar por sonhos, atos falhos e atitudes impensadas, ele também se revela nos orientando, nos ajudando a encontrar soluções para nossos problemas. Por isso o melhor a fazer quando se está com um problema de difícil resolução é dormir, relaxar a mente, deixar que o inconsciente flua na imaginação onírica. Uma noite bem-dormida clareia nossas ideias e nos ajuda a ver o que não vemos no calor dos acontecimentos. Às vezes os conselhos que nos pedem para: esfriar a cabeça, descansar, tomar distância dos acontecimentos para ver melhor… São conselhos que nos remetem a deixar o inconsciente nos ajudar.
Precisamos prestar atenção a nosso inconsciente. Ele independe do mundo externo e representa a realidade psíquica interna. O inconsciente não faz parte do sujeito ele é o próprio sujeito.
Ansiedade excessiva
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Ataque de pânico
domingo, 20 de setembro de 2020
Quando o jogo se torna compulsão
sábado, 19 de setembro de 2020
Maus-tratos na infância e doenças cardiovasculares
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Criança é analisável?
A análise de crianças se processa sobretudo com as questões das relações entre a tríade pai-mãe-criança e as situações vividas pela criança – complexo de Édipo. Freud orienta o processo de análise do pequeno Hans feita pelo Sr. M. Graf, pai mas inclui a mãe e várias situações da análise. É importante salientar que na análise do pequeno Hans, Freud estava preocupado em confirmar suas hipóteses sobre a teoria da sexualidade infantil e o conflito edípico como estruturador da neurose. O caso Hans é a grande contribuição freudiana à psicanálise com crianças. Se, por um lado, o autor encarava o uso da psicanálise com os pequenos apenas como “experiência pedagógica”, por outro, ele foi capaz de reconhecer a sensibilidade da criança às intervenções de uma análise.
Criança se angustia?
Criança se angustia, tem fobia e sofre. Ela é analisável. Freud afirma que a psicanálise não poderia ser feita com crianças, isso em 1912, mas o caso Hans foi em 1908, portanto anterior a esta afirmação. Em 1933 Freud afirma que a psicanálise com crianças fracassa devido as próprias condições da criança.
A criança deve ser ouvida?
Para Freud a criança deve ser ouvida, mas por que ele escolheu o pai de Hans como intermediário do processo de análise? Freud modifica a relação pai e filho. No caso do pequeno Hans, opai se torna num ouvinte do próprio filho e, permissivo, apenas conduz o pequeno para relatar suas reações ao professor.
Como a criança livre associa?
Melanie Klein colocou o desenho como paralelo com a livre associação, os gestos e reações com o psicanalista, com a mãe e/ou com o pai presentes. Também a resistência e/ou defesas da criança em relação ao que acontece no setting, fazem sentido na livre associação.
Pioneira na análise de crianças
Hermine-Hug-Hellmuth foi a pioneira da análise de crianças, aplicando as teorias de Freud. (Congresso Internacional de Haia – 1920). Sophie K. Mogestern apresentou sua técnica de psicanálise com crianças em 1927 a partir do desenho, no caso da menina
com mutismo. Ana Freud publicou seu livro “Psicanálise de crianças” em 1927. Melanie Klein publicou o livro “A Psicanálise com crianças e 1932. Melanie Klein considera na análise, as relações vinculares da criança com seus familiares, pais, mães e irmãos e considera as brincadeiras das crianças como análogas às livres associações dos adultos. Mais tarde, Winnicott tira de Klein as ideias para seus trabalhos psicanalíticos, mas as usam a seu próprio modo. Ele escreve: o que faz com que um bebê comece a existir, a sentir que a vida é real, a achar que a vida vale a pena ser vivida é o cuidado maternal. O papel essencial da mãe é proteger o self do seu bebê. (Winnicott, D. V. A Localização da experiência cultural (1967), P. 116).
A questão da transferência
Os procedimentos acontecem no setting onde se trabalha as constelações psíquicas envolvidas mais de perto na formação da criança. O psicanalista passa a fazer parte do processo. A criança é o paciente, mas os pais fazem parte do processo de cura quando se curam. A transferência se dá entre todos os envolvidos no processo de cura; pais e criança, mesmo porque se os pais não transferirem, eles retiram a criança da análise. Para E. Bick, os pais devem ser incluídos no setting, uma vez que a compreensão da criança se dá a partir de suas relações. Muitas vezes tratando os pais a criança se cura.
BIBLIOGRAFIA
ANZIEU, Didier. Psicanalisar. Aparecida, SP. Idéias & Letras, 2006.
COMÉNIO. Jan Amós. Didática Magna. 4. Ed. Lisboa. Fundação Colouste Gulben-Kian, 1992.
LIBÂNEO. José Carlos. Docência universitária: formação do pensamento teórico-científico e a atuação nos motivos dos alunos. Curitiba CRV, 2009.
PHILLIPS, Adan. Winnicott. Aparecida, SP. Idéias & Letra, 2006.
Revista Psique. Edição especial. Artigo: “Novos Rumos para a Psicanálise”. José Renato Avzaradel, p. 32 a 39 e “Crianças, Cem anos de Existência”. Nara Amália Caron, p. 26 a 31.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Transferência e contratransferência
Transferência é essencial à análise.
Tu me escutas e eu te olho. Tu me olhas e eu quero te escutar.
Neste texto apresento uma construção do marco teórico sobre transferência e contratransferência.
Freud chamou a atenção para a importância da infância na construção da vida adulta no que diz respeito ao equilíbrio psíquico. No seu artigo “Sobre o Narcisismo” (1914), destacou o apego das crianças às pessoas como fator fundamental de formação de sua vida psíquica. Esse apego ou desapego marcará as relações afetivas do adulto que repetirá esse padrão com pessoas que venham a despertar nuances de pessoas com as quais tenha convivido na infância.
Só é viável estudar a transferência para entender a história de vida do analisando e ajudá-lo a resinificar suas vivências inconscientes. No caso Berta Pappenheim = Ana O., que transferiu no setting de Breuer, Freud relata o término abrupto da análise de Ana O. como consequência dessa transferência. O analista precisa trabalhar a transferência do analisando com cuidado e paciência, sem contra transferir até que a transferência se esmaeça, perca a importância, desapareça, não seja mais capaz de provocar, no analisando, sintomas neuróticos derivados da mesma, como foi o caso de Anna O. que ao ser abandonada por Breuer, por ter transferido, apresentou uma gravidez nervosa.
Para Freud a transferência tem sempre um conteúdo sexual. Ela é a atualização do inconsciente em qualquer estágio traumático da vida e acontece quando o indivíduo encontra em alguém, semelhança com pessoas que de certa maneira estiveram presentes nos acontecimentos da sua vida. A transferência pode ser negativa ou positiva. No setting cabe ao profissional a condução do processo para um desfecho positivo, apesar dele não está livre de contra transferir, deverá trabalhar essa emoção com seu supervisor e com seu analista enquanto dá continuidade ao trabalho com seu analisando. A contra transferência é ponto passível de acompanhamento analítico, tanto quanto a transferência. Só um profissional bem acompanhado por seu analista pode analisar outras pessoas.
Freud escreve o termo “transferência” várias vezes no livro “Interpretação dos Sonhos” (1900). “Alguns dias antes, eu havia explicado à paciente que as primeiras lembranças da infância “não se conseguiam mais como tais”, mas eram substituídas, na análise, por “transferências” e sonhos”. (p.128).
Há o deslocamento de representações inconscientes “para uma representação pré-consciente. Mais tarde ao formular a teoria da transferência, Freud a faz nestes termos; “O que são as transferências”? São reedições, reproduções das moções e fantasias que, durante o avanço da análise, soem despertar-se e tornar-se conscientes, mas com a característica (própria do gênero) de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra maneira: toda uma série de experiências psíquicas prévia é revivida, não como algo passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do médico. Algumas dessas transferências em nada se diferenciam de seu modelo, no tocante ao conteúdo, senão por essa substituição. São, portanto, para prosseguir na metáfora, simples reimpressões, reedições inalteradas. Outras se fazem com mais arte: passam por uma moderação de seu conteúdo, uma sublimação, como costumo dizer, podendo até tornar-se conscientes ao se apoiarem em alguma particularidade real habilmente aproveitada da pessoa ou das circunstâncias do médico. São, portanto, edições revistas, e não mais reimpressões. A produtividade da neurose, porém, de modo algum se extingue, mas se exerce na criação de um gênero especial de formações de pensamento, em sua maioria inconscientes, às quais se pode dar o nome de “transferências”. Um caso de Histeria. (p. 70)
A transferência é peculiar à neurose. Se a análise é um tratamento das neuroses, fatalmente a transferência tem que acontecer no setting analítico. Pela transferência analisada, o analisando se torna livre da ação inconsciente dos impulsos reprimidos. Freud nunca perde o referencial da transferência na direção de suas descobertas teóricas (Lourenço, 2005). Diante do analista o paciente revive acontecimentos, o analista ajuda a resinificação do paciente que ao se confrontar consigo mesmo compreende suas vivências neuróticas. É o “Recordar, Repetir e Elaborar”. O papel do psicanalista é ser terreno onde o analisando possa transitar sem medo da censura e reelaborar seu caminho.
O conteúdo reprimido aparece de modo transferencial e inconsciente. O psicanalista entra com o papel de tradução daquilo que é inconsciente para o consciente. “Nossa terapia age transformando aquilo que é inconsciente em consciente, e age apenas na medida em que tem condições de efetuar essa transformação”. Conferência Introdutória, parte III (p. 27). Na transferência há uma economia do trabalho de rememoração por parte do analisando, ema vez que há a fruição do inconsciente para a pessoa do psicanalista, no caso da transferência do setting psicanalítico. O psicanalista é a referência para o inconsciente vir à tona, tornar presentes seus conflitos e encaminhá-los para um desfecho mais favorável do que no passado. A transferência aparece de várias maneiras desejo de ser filho/a, amante, amigo/a, predileto/a, mimado/a, etc. O psicanalista se transforma num ídolo para o analisando. Esta é a transferência positiva. Já na transferência negativa o analisando encarna uma hostilidade sem motivos para com o psicanalista, este estará preparado, também para lidar com essa hostilidade transferencial. Essa forma de transferência acarreta a resistência à análise. Os sentimentos hostis do analisando com relação ao psicanalista também são favoráveis à análise, embora exija uma competência e uma maturidade acuradas do psicanalista. Os sentimentos hostis também indicam a presença de vínculos afetivos do passado e devem ser tratados com o mesmo sentido da transferência positiva. A dificuldade, nesse caso, é que a resistência vai se interpor na condução do tratamento e o analista precisa ser muito hábil para ter sucesso no trabalho. Os conteúdos que estão reprimidos no inconsciente tendem a voltar e exigir realização, isso acontece durante toda a vida. A sorte é se essa volta se der num setting, frente a um profissional em psicanálise que acolhe o analisando em suas reelaborações desses conteúdos. No setting o analisando revive realidades inconscientes.
Pelas características e mudanças socioeconômicas e ideológicas da atualidade, o analisando não apresenta as emoções vividas da maneira, mesmo porque as pessoas para as quais ele transfere são também outras. Embora o inconsciente tenha se formado no passado, não podemos nos referir ao passado para o mesmo, pois ele é sempre presente. A pessoa do psicanalista desperta o insight no inconsciente, como ele não tem o discernimento “revive” situações.
A transferência não é criada no setting psicanalítico, apenas nele ela encontra um lugar propício para se revelar. Nela o psicanalista encontra material útil a seu trabalho. É realmente um “Método Perigoso”. Nunca é demais o investimento em análises e formação para o psicanalista e mesmo com todos os cuidados ele ainda corre o risco de contra transferir e ter que passar o seu analisando para outro profissional se não conseguir lidar corretamente com a situação.
A transferência se dá ao longo da vida, nas circunstâncias mais variadas. No setting ela é material de análise apenas.
REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Um caso de Histeria. Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos. http://www.psicanaliseflorianopolis.com/artigos/147-obras-completas-de-sigmund-freud.html
-- Conferências Introdutórias. Parte III. Vol. XVI (1916-1917) http://www.psicanaliseflorianopolis.com/artigos/147-obras-completas-de-sigmund-freud.html
LANDA, Fábio. Ensaio sobre a criação teórica de Ferencsi a Nicolas Abraham e Maria Torok. Ed. Unesp, 1998.
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
Interpretação de um sonho
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Entenda seu inconsciente
Esse ilustre detectado por Freud é que influencia nossas escolhas e atitudes. É ele que nos ajuda a organizar nossa memória, desejos e experiências. Quando queremos esquecer certas experiências ou quando simplesmente elas são traumáticas o inconsciente as absorve e depois vai liberando-as suavemente em sonhos e fantasias. Muitas vezes nos pegamos sonhando acordados como diz a música, “Sozinho: Caetano Veloso” e é verdade “a imaginação é a louca da casa”, como diz Santa Teresa de Ávila. Todos esses comportamentos de dizer não quando se quer que seja sim e dizer sim quando se quer que seja não, tem a ver com mecanismos de defesa e, portanto com o inconsciente. Aos poucos ele vai se nos revelando através de sonhos, atos falhos, desejos, imaginação, esquecimentos, lembranças boas ou ruins que surgem de repente e sem motivo algum para o seu aparecimento, transferências etc.
Depois de revelado por Freud, o inconsciente passa a ter um papel importante em nossas relações pessoais. O inconsciente não é uma invenção de Freud, ele sempre existiu, segundo Lacam desde que organizamos nosso sistema de comunicação pela fala. O que Freud fez foi usá-lo para revelar o sujeito a si próprio, aliviando sofrimentos psíquicos, neuroses e sintomas. Colocando a pessoa de bem consigo mesma. A análise modifica as pessoas sem que elas se esforcem para isso. Após algum tempo de análise, muitas pessoas se perguntam surpresas “o que acontece”. Elas ficam menos repetitivas, mais assertivas e mais independentes, mas não sabem precisar em que momento essas transformações ocorreram. Outras deixam vícios de fumar e de tomar bebidas alcoólicas sem nunca mais sentir falta desses vícios. Resolvem as neuroses, ficam mais calmas e de bem consigo mesmas e aí vão deixando as compensações, que lhes fazem mal, sem sofrimentos.
Por que uma pessoa que você está vendo pela primeira vez lhe incomoda sem que ela tenha feito nada de mal para você? Ela desperta um sentimento de repulsa em você e você “não vai com a cara dela”. Essas são manifestações do inconsciente que tenta lembrar algo que aconteceu e foi desagradável para você, associando o fato àquela pessoa. Sempre lembrar que o que lhe incomoda não está no outro, está em você. Assim ficará mais claro para você muitas atitudes de pessoas que lhe desagrada. Você é quem precisa resolver suas reações, então nunca será demais buscar a autocompreensão. É considerar que o outro com o qual me relaciono também tem inconsciente e por isso ele também reage às minhas abordagens, às vezes sem compreender o porque de suas reações. Nós somos interpretados o tempo todo pelo que despertamos de inconsciente do outro. Aquilo que estamos falando nem sempre é o que o outro está entendendo. Eu falo, mas o outro interpreta a minha fala e surgem os mal entendidos porque entra a vivência dos traumas paixões, sentimentos emoções vividas pelo outro que se intrometem entre nossa fala.
Além do inconsciente se revelar por sonhos, atos falhos e atitudes impensadas, ele também se revela nos orientando, nos ajudando a encontrar soluções para nossos problemas. Por isso o melhor a fazer quando se está com um problema de difícil resolução é dormir, relaxar a mente, deixar que o inconsciente flua na imaginação onírica. Uma noite bem-dormida clareia nossas ideias e nos ajuda a ver o que não vemos no calor dos acontecimentos. Às vezes os conselhos que nos pedem para: esfriar a cabeça, descansar, tomar distância dos acontecimentos para ver melhor… São conselhos que nos remetem a deixar o inconsciente nos ajudar.
Precisamos prestar atenção a nosso inconsciente. Ele independe do mundo externo e representa a realidade psíquica interna. O inconsciente não faz parte do sujeito ele é o próprio sujeito.
terça-feira, 8 de setembro de 2020
O bem e o mal coexistem
Estamos vivendo um período de transição, uma vez que a revolução da comunicação e da informação se deu muito rápida e não houve tempo para a adequação da geração mais idosa. Assim dentro da mesma revolução convivem os que já nasceram nesse mundo digital e os que nasceram antes dessa revolução. porém todos estamos inseridos nessa mesma realidade. Os mais novos são os grandes produtores de apps, mídias e de conteúdos. É uma revolução onde os mais novos têm muito o que ensinar. Há pouco tempo parecia que quem tinha a autoridade do ensino era os mais idosos. Aos jovens cabia aprender e muitas vezes sem contestação. As escolas estão se digitalizando, se midificando e aí entra o domínio do jovem para ajudar na divulgação dos conteúdos via aplicativos, mídias e plataformas de ensino. Se pendermos para o lazer vamos perceber que a maior parte dos conteúdos de entretenimento são virtuais. É um motivo de preocupação para os pais uma vez que eles sabem que não têm controle sobre o material que seus filhos, muitas vezes pequenos ainda,estão acessando.
Pierre Levy fala de uma "inteligência coletiva", mas a inteligência humana é inerente ao sujeito. De tudo que está disponível na rede, uns usam para crescer como ser humano, para aprender novas coisas úteis que facilitam a vida, para estudar conteúdos acadêmicos, acessar informações, aprender profissões etc. Outros usam para alimentar a devassidão, praticar crimes, consumir jogos indiscriminadamente e ser massificado na multidão dos que são levados a ser usados como objetos de consumo e de manipulação. Essas duas categorias podem se misturar numa mesma pessoa. Contudo tem muita gente que usa a rede para lucrar com a produção de conteúdos, nem sempre recomendáveis. Há os produtores e os meros consumidores que vivem para dá lucro aos que produzem conteúdos. A rede também é mundo real e não modifica a índole humana por si só. Vai-se buscar na internet o que se fantasia para a vida.
Nesse transição, crianças, adolescentes e jovens deixam de ouvir os pais para seguir os influenciadores. Os pais ficam um pouco perdidos, só que eles precisam se lembrar de quantos elogios fizeram às crianças pequenas quando elas aprendiam a "mexer" no celular e no computador, construindo nelas a crença de que usar esses objetos eram comportamentos bons, aceitáveis e louváveis pelos pais. Nesse labirinto tem um monstro e se não cuidarmos dos nossos filhos ele os devoram. O que mais os produtores de entretenimentos querem é que os consumidores fiquem viciados em seus produtos e para isso recorrem à programação neurolinguística, psicologia infantil e juvenil estratégias de marketing digital e a todos os tipos de artifícios capazes de produzir sensações psicológicas agradáveis em seus usuários. Até as cores usadas são direcionadas para o aumento do consumo de seus produtos.
O bem e o mal estão presentes em todos os lugares, cabe-nos escolher o bem e ajudar aos nossos filhos a fazerem o mesmo. Não posso deixar de registrar que muitos pais reclamam do vício de seus filhos em computadores e celulares, mas não dão outra opção às crianças, não brincam, não passeiam e não fazem nenhum atividade física com elas. Muitas vezes eles também são viciados em mídias.
sábado, 5 de setembro de 2020
Abuso sexual infantil
Toda teoria psicanalítica está voltada para as consequências psíquicas de tudo que vivenciamos e são condições para a formação da mente saudável ou não. O nosso passado insiste em se presentificar, isso porque a mente não tem passado e traz para o momento em que estamos vivendo recordações boas e más. As boas se transformam em saudade, para nós de língua portuguesa, e as más não podem ser causas de atualização de sofrimentos. Quando elas vierem precisamos analisá-las, tirar-lhes a importância e deixá-las passar. O problema é quando esse passado traumático se presentifica indefinidamente, trazendo motivos para sofrimentos insuportáveis. Nos atendimentos de adultos que foram abusados sexualmente na infância, podemos perceber o quanto de mal trazem essas más lembranças para a pessoa. É uma ferida que nunca sara. Não há cicatrização que apague o sofrimento do estupro infantil, principalmente aquele praticado por pais e padrastos, pessoas as quais as crianças se confiavam. As pessoas que carregam o sofrimento de estupros infantil precisam serem acompanhadas permanentemente.
Uma ninfomaníaca, hoje prostituta, se sentia julgada negativamente por muitas pessoas de seu convívio. Ela se dizia vítima de preconceitos dos mais variados. Teve muitos filhos e entre os filhos, os irmãos praticavam o abuso sexual com os menores, até crianças de 3, 4 anos eram abusadas pelos irmãos. Depois essas crianças cresceram, se tornaram promíscuas e entraram para as drogas, o tráfico, os assassinatos e as prisões. Numa análise foi constatado que essa mãe era constantemente abusada sexualmente por pessoas que deveriam cuidar dela. Então o julgamento das pessoas perdem a base de moralidade. É por isso que não se deve julgar, pois não se sabe o tamanho do sofrimento do outro e que lembranças fazem parte dos seus monstros interiores. Mesmo que essas pessoas não tragam para o presente, pensamentos conscientes dos traumas passados, eles estão lá, no inconsciente e se manifestam em ações e atitudes, nem sempre compreensíveis nem para elas próprias. As pessoas não aceitam de bom grado, algo ruim que lhes aconteceram e sempre vão apresentar reações em relação aos fatos que as incomodaram. Talvez nem elas mesmas tenham condições de interpretar suas reações. Daí entra a psicanálise para ajudá-las nessa interpretação e lhes fornecer elementos que as ajude a encontrar alternativas que possam diminuir seus sofrimentos.
O abuso infantil não causa apenas sofrimentos físicos. O pior é o trauma psicológico que acompanha as vítimas por toda vida. O sofrimento ainda é mais intenso quando essas crianças são obrigadas ao silêncio por seus agressores, e vão acumulando traumas sobre traumas. Um dia os traumas vão começar a se manifestar em atitudes confusas e inexplicáveis, do ponto de vista racional de quem convive com essas pessoas. Certos conflitos permanecerão por toda a existência do indivíduo. Para Freud cada ser humano é fruto de todas os amálgamas psíquicos vividos desde o início de cada um, mesmo antes do nascimento.
Não podemos relatar pormenores de vivências do setting analítico, pois as pessoas podem se reconhecerem no texto. Mas os sofrimentos causados pelo abuso sexual infantil trazem não só mal estar para os abusados, mas transbordam para a sociedade. Ninguém pode imaginar o quanto dos marginais, viciados em drogas, pessoas que pratica latrocínios, agressores de mulheres, e vice-versa, pedófilos,foram abusados e agredidos na sua infância. É preciso considerar também que nem todos os abusados enveredaram pelo caminho do crime, mas muitos criminosos foram abusados sexualmente e abusaram também de outras pessoas. É um circulo vicioso que tem que parar para que aconteça parte da cura da sociedade.
Ciúme
Ciúme mata e por isso precisa de tratamento. Quantos crimes passionais são cometidos por ciúmes infundados, isso mesmo, porque a única fundamentação do ciúme é psicológica e subjetiva, isto é: pertence ao ciumento. Todo ser humano sente ciúmes por isso vamos abordar o ciúme quando o mesmo se torna em doença, fica patológico. O ciúme é um sentimento natural. Ele surge de repente, quando sentimos que vamos perder algo ou alguém a quem somos apegados. Quando se trata de ciúme por pessoas, estamos diante de um problema de insegurança, talvez trazido por traumas vividos na infância em relação aos pais ou a um dos pais, a irmãos ou à questões relacionadas ao complexo de Édipo não resolvido entre os 4 e 6 anos. Quando o ciúme é patológico e entre casais, o ciumento perde o senso da razão e passa a ter reações físicas, mentais e comportamentais até bizarras, e, do ponto de vista de quem observa, incompreensíveis. Muitas vezes essas reações aparecem sem que a pessoa tenha motivo algum para esse comportamento. O ciúme se torna patológico quando a pessoa não consegue mais dominar seus acessos e passa a se prejudicar e a prejudicar as pessoas a quem ama. Também é um sintoma de patologia a falta de controle dos sentimentos e das ações e reações rompantes, praticadas pelo ciumento com comportamentos totalmente irracionais e incontroláveis, causando, às vezes, até o rompimento dos relacionamentos amorosos. Quando no casal os dois têm síndrome patológica de ciúmes, o caso é ainda mais preocupante. As famílias precisam fazer intervenções e convencer o casal a procurar ajuda psicológica, pois, nesse caso, o ciume pode provocar tragédias irreparáveis na família.
Quando o ciúme se transforma em patologia a pessoa fica habitada por pensamentos perturbadores e passa a misturar imaginação e realidade, o que conta, para ela, é a imaginação e não a realidade. Não importa a verdade do outro, o que tem importância é o que a pessoa imagina do outro e o pior é que ela vai criando fatos imaginários cada vez mais frequentes, chegando até ao delírio. Assim a vida dela e da vítima vão ficando insuportáveis. Aparecem as irritações, a sensação de ser incompreendida, não valorizada, preterida, traída, ignorada, abandonada, etc. Até os relacionamentos vividos no passado pelo parceiro/parceira, são motivos de ciúmes e até as pessoas que não apresentam mais importância para o parceiro são motivos para confrontação. O hilário é que às vezes a pessoa do passado da outra já morreu. E o outro pode dar motivos para ciúmes? Pode, mas não ciúme patológico. O ciúme é subjetivo é um problema do ciumento, independente do que o outro faça.
Na abordagem analítica do ciúme é preciso investigar desde traumas infantis, resolução do complexo edipiano e até se há comorbidades psicopatológicas associadas ao transtorno do ciúme. O caminho mais indicado para resolver essa patologia é buscar ajuda profissional.
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
Suicídio
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Volta à escola pós quarentena
Antes de abordar a volta às aulas precisamos tratar da situação da criança em quarentena. As crianças tiveram as mais variadas reações comportamentais, sabendo-se que nem todas reagiram igualmente e que esses sintomas não apareceram todos de uma vez na mesma criança e nem com a mesma intensidade. Cada uma reagiu de uma maneira, mas no geral, tiveram: dificuldade de concentração, irritabilidade, medo, inquietação, tédio, solidão, sono e alimentação irregulares, ficaram viciadas em jogos de internet, etc.
No reinício das aulas muitas crianças vão passar por momentos de readaptação. Umas vão se sentir felizes em voltar para o reencontro com colegas, funcionários e professores. Talvez algumas fiquem mais indiferentes, mas haverá aquelas que irão rejeitar tenazmente a ideia de voltar à estudar na escola. Essas últimas necessitarão de paciência dos pais e resiliência da escola. Será muito importante um acompanhamento psicológico ou psicopedagógico para essas crianças. Uma orientação é que elas passem por um período de transição, dividindo os estudos entre a casa e a escola até que se acostumem novamente a frequentar às aulas presenciais. As crianças que ficaram muito angustiadas na quarentena tendem a continuar essa angústia na volta às aulas, pois elas vão se deparar com muitas mudanças implementadas na escola; distanciamento, medidas de higiene, horários diferenciados para recreios e lanches, ida aos banheiros, etc. De certa forma as crianças vão continuar com restrições à sua liberdade de socialização.
O corona vírus mexeu com todos nós, não só do ponto de vista da infecção em si, mas com as mudanças nos relacionamentos que tivemos que fazer. O ser humano é um animal social e o isolamento é contrário à sua natureza. Os adultos temos mais capacidade de compreender a necessidade do isolamento. As crianças, no entanto, são mais afetadas. As escolas precisam se planejar para, além dos conteúdos e organizar tempos de escuta às crianças. Certamente elas precisarão falar sobre suas experiências vivenciadas na quarentena.
Essa pandemia foi um tranco no fluir da história e esse tranco deixará marcas nesta geração.