Neste artigo aborda-se um pouco do contexto sócio cultural da infância,
juventude e vida adulta acadêmica de Freud. Essa sequência estará permeada com
a germinação, consolidação e crescimento da psicanálise. Tendo como ponto
conclusivo a contribuição de Freud e de sua literatura para a consolidação da
psicanálise até nossos dias. Num ensaio publicado em 1925, “Um estudo
autobiográfico”, Freud nos aponta para a necessidade de que sua obra não seja
dissociada de sua vida e nem do acolhimento que a mesma recebeu e alerta que só
assim se compreende sua descoberta da psicanálise, ao mesmo tempo, como prática
terapêutica e como teoria metapsicológica. O que importa para Freud é
compreender o homem. Na sua autobiografia Freud “mostra como a psicanálise
torna-se o conteúdo de minha vida e se conforma, seguidamente, ao princípio
justificado que nada do que me ocorre pessoalmente merece interesse ou vigilância,
em comparação com minhas relações com a ciência”. Assim a existência, o projeto
científico e a relação com o mundo é o elemento que conduz Freud à descoberta
da psicanálise.
Uma vida
Nascido em Freiburg, em 6 de maio de 1856, na Morávia (atual República Tcheca,
mas que na época fazia parte do Império Austro-Húngaro), Freud diz ter de sua
origem judaica três qualidades que o auxiliaram muito nessa luta: veneração
pelo conhecimento em geral, sobretudo pelas ciências; espírito crítico bastante
livre e grande resistência à hostilidade. Freud foi o primeiro filho do
terceiro casamento de seu pai, Jacob Freud, do qual nasceram sete outros
irmãos, apenas Freud e o caçula, dez anos mais novo, eram homens. Em 1860 a
família de Freud se muda para Viena, antiga capital do império Habsburgo. Os
heróis da infância escolhidos por Freud foram o antimonarquista Oliver Cromwell e o general cartaginês Aníbal. Esses
heróis revelam sua antipatia com relação à Viena imperial.
Freud encontrou uma sociedade que debatia a teoria de Charles Darwin,
pois o livro “A Origem das Espécies” foi lançado em 1859, quando Freud contava
com três anos de idade. Certamente na sua juventude Freud também entrou nesse
debate, já que adentrou pelo mundo acadêmico. Freud foi uma criança mimada por
sua babá e muito paparicada por sua mãe. Ele mesmo escreve “Um homem que foi o
favorito indiscutível de sua mãe mantém ao longo da vida o sentimento de um
conquistador, aquela confiança no sucesso que muitas vezes induz o sucesso
real”. Em 1873, Freud inicia os estudos de medicina na Universidade de Viena e
se forma em 1881. Um dos professores de Freud, Ernst Brücke foi um dos
criadores do mecanicismo que propunha que a vida fosse investigada e entendida
por maio da química e da física. Em 1882 lá estava Freud realizando trabalhos
no laboratório de Brücke de quem recebeu um conselho: - Os cargos acadêmicos
são poucos e mal pagos, suas chances de promoção como judeu são ruins. Freud encara
um período de formação de clinica entre 1882-1885. Mas Freud não nasceu para
clinicar. Seu objetivo era a investigação da mente humana, seu consultório
atendia o menor número possível de pacientes enquanto Freud se dedicava às suas
pesquisas.
Uma obra
A obra de Sigmund Freud é composta por 23 volumes e várias cartas
escritas a seus amigos. Os escritos de Freud têm importância em si mesmo e essa
importância se propaga através das produções literárias fundamentadas nessas
obras. O ocidente construiu seu pensamento a partir dos filósofos gregos, porém
uma grande contribuição para a construção do pensamento ocidental foi dada por
Freud. A partir dele o ocidente muda a forma de diagnosticar e tratar distúrbios
de comportamento e de educar; Suas teorias também contribuem para uma mudança
nos tratamentos médicos relacionados a saúde mental. As relações humanas também
são afetadas pelos ensinamentos de Freud. A atenção na compreensão do outro em
todas as atividades como educação, saúde, segurança, comércio, exploração de
minas, bombeiros e militares, enfim, todas as atividades, para as quais se
necessitem de treinamentos, passa pelas teorias freudianas, mesmo que estas já
estejam tão diluídas ou incorporadas ao pensamento humano que aqueles que a
usam não tenham consciência desse fato. Para Freud a psicanálise não se reduz a
uma metodologia terapêutica, mas se incorpora em toda a existência humana,
tendo a vida da criança como um momento primeiro e fundador.
A Psicanálise nasceu com Freud e sua solidificação acontece com a
publicação de “A Interpretação dos Sonhos” 1900. Essa publicação é resultado de
uma prática, observação e teorias já experimentadas por Freud. A obra apenas
divulga a prática. Se Freud não escrevesse sobre suas descobertas o trabalho
dele teria ficado perdido com sua morte.
A Psicanálise teve infância, cresceu e está se consolidando como uma
prática disseminada, sobretudo no ocidente. O objetivo inicial era de
compreender algo sobre as doenças nervosas funcionais, mas acabou contribuindo
para diversos setores da saúde e formação humana. Freud diz que pessoalmente
não contribuiu em nada para a pedagogia, deixando para Melaine Klein e Anna
Freud, sua filha, o cuidado de uma aplicação do modelo metapsicológico ao campo
da educação. Contudo a infância está presente em toda a obra freudiana. A
infância aparece como um período determinante para a formação do ser humano. A
influência de Freud é decisiva para a reflexão educativa a partir do início do
século XX. Mesmo que Freud não tenha deixado nenhum tratado específico sobre a
questão educativa, as referências à educação permeiam todas suas obras, desde
três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) até mal-estar na civilização.
(1930)
Freud compreendeu além dos fatos químico-físicos e patológico-anatômicos
de sua época e foi além das crenças filosóficas e místicas tornando o
conhecimento da mente humana numa ciência. Para Freud a falta de compreensão
afetava o tratamento dos estados patológicos da mente. Havia práticas bizarras
no meio médico como o tratamento através do emprego de influências mentais com
de ameaças, zombarias, advertências e exortação para que os pacientes se
contivessem dos seus excessos. Num meio assim imagina-se o quanto Freud, com
sua visão do ser humano, se constrangia com certos métodos usados por seus
colegas de profissão.
Quando Breuer deixou de se dedicar ao tratamento de pacientes nervosos
Freud dedicou-se a aperfeiçoar o método do seu antigo colaborador. As novidades
técnicas e as descobertas posteriores à parceria com Breuer transformaram o
método cartático em psicanálise. Freud não estava satisfeito com os resultados
terapêuticos da cartase baseados na hipnose e abandonou a hipnose colocando
como método de pesquisa da mente a “associação livre” como meio de investigar o
material inconsciente esquecido que emergiriam através das palavras por mais
desconexas que fossem. É lógico que as palavras só traziam à tona alusões ao
material esquecido.
A catarse também
está presente na psicanálise, criada pelo austríaco Sigmund Freud. Se, por um
lado, a poesia dramática se inspira em moldes religiosos ancestrais, o modelo
seguido por Freud é o da simbolização poética. Freud descreve como estados
catárticos o que seu mestre, Breuer, induzia nos pacientes através da hipnose,
um meio de contornar as censuras estabelecidas e propiciar aos enfermos da
mente a possibilidade de reviver seus traumas e, assim, superá-los.
Um Método de Trabalho
A Psicopatologia
da vida cotidiana (1901). Faz uma abordagem das parapraxias anotando que os
acontecimentos ligados à parapraxia têm um significado consciente com o qual
interfere outro, suprimido ou realmente inconsciente.
A análise dos sonhos aprofunda essa
reflexão. Em “A Interpretação dos Sonhos, 1900, Freud demonstra ser os sonhos
construídos da mesma forma que os sintomas neuróticos, como a parapraxia, os
sonhos podem parecer estranhos e sem sentido; porém ao serem examinados através
de uma técnica similar à livre associação, demonstram sua riqueza de significados.
O sonho se submete a uma deformação devido a censura e por isso as partes
censuradas não aparecem na história do sonho. O “trabalho do sonho” nos ensina
muito sobre a vida mental inconsciente. A livre associação é tratada no ensaio
Psicopatologia da vida cotidiana, por exemplo, quando Freud esquece o nome Signorelli.
Para empreender a análise usou como exemplo um ato de esquecimento do nome do pintor
Luca Signorelli que ocorreu consigo numa viagem de coche entre Ragusa e a uma
cidade vizinha na Herzegovina. Durante a viagem, conversando sobre fotografias
com um advogado de Berlim que o acompanhava, Freud recomendou ao interlocutor
que visitasse a bela Catedral de Orvieto para contemplar os afrescos do ciclo
do fim do mundo e do juízo final pintados por…. “O nome do pintor me escapava e
não houve jeito de lembrá-lo. Forcei a memória, passei em revista a todos os
detalhes dos dias em Orvieto e pude constatar que nenhum deles se atenuava ou
se apagara. “Conseguia, aliás, representar as imagens de forma mais viva do que
normalmente consigo.” As imagens mais vivas que impregnavam o esquecimento do
nome do pintor estavam associadas à visão da cena “A ressurreição da carne”
pintada por Signorelli para compor o tema do Juízo Final na capela de San
Brizio. A catedral de Orvieto, na região da Úmbria / Itália, é uma construção
em estilo gótico iniciada em 1347 sob a responsabilidade do arquiteto Andrea
Pisano, que faleceu dois anos depois, transferindo a responsabilidade para o
seu filho Nino Pisano (pintor e escultor da fase gótica italiana). Toda a
fachada apresenta um fundo de mosaicos dourados. Seu interior, com três naves e
uma planta cruciforme, é decorado com mármores brancos e pretos com impactante
efeito plástico. Este cenário abriga uma coleção dos clássicos mestres do
renascimento italiano, dentre eles, Fra Angelico e Luca Signorelli. A catedral
sobreviveu às trágicas guerras permanecendo intocável através dos tempos. As
cenas narrando os temas do Apocalipse e do Juízo Final compõem o ciclo de
afrescos, com tamanho de aproximadamente 6 metros cada um, intitulados: “A
História do Anticristo”, “O Fim do mundo”, “A ressurreição da carne” , “Os
Condenados”, “Os Eleitos”, “O Paradiso” e “O Inferno”. Signorelli edificou sua
obra sob o signo da força e do movimento revelando-se um dos mais brilhantes
anatomistas de sua época. Pintou a figura humana como entidade arquitetônica
expressando uma dramaticidade sem igual. Michelangelo inspirou-se nestas cenas
retratadas por Signorelli para compor sua versão do Juízo Final no altar mor da
capela Sistina. “A ressurreição da carne” é o significante que inscreve o
conflito psíquico vivido por Freud quando de sua visita a Orvieto. Antes de
partir, escreveu para seu amigo Fliess: “Hoje, ao meio dia, partirei com Martha
para o Adriático; se vamos ficar em Ragusa, Grado, ou algum outro lugar, será
decidido no caminho”. Citou um provérbio para dizer de sua situação: “A maneira
de enriquecer é vender a última camisa”. Estava abatido por não encontrar um
substrato anatômico para sua escuta clínica dos sintomas histéricos: “O segredo
dessa inquietação é a histeria. Na inatividade daqui e na ausência de qualquer
novidade fascinante, todo esse negócio (a teoria da sedução) passou a me
oprimir pesadamente a alma. Agora, meu trabalho me parece ter muito menos valor
e minha desorientação parece completa”. Citando outro provérbio "quem
procura acha, frequentemente, muito mais do que deseja" constatou: “A
consciência é apenas um órgão sensorial; todo conteúdo psíquico é apenas
representação; todos os processos psíquicos são inconscientes”.
A retornar da viagem à Itália, escreveu a Fliess dizendo: “voltei há
apenas três dias e todo mau humor de estar em Viena já se abateu sobre mim. É
um perfeito martírio viver aqui, isso não é clima em que possa sobreviver a
esperança de se concluir coisa alguma”. Rebateu os argumentos de Fliess
afirmando não ter a intenção de deixar “a psicologia suspensa no ar, sem uma
base orgânica”. No entanto, não encontrava um modo de ajustar a escuta clínica
com os pressupostos da neurofisiologia: “não sei como prosseguir, de modo que
preciso comportar-me como se apenas o psicológico estivesse em exame. Por que
não consigo encaixá-los (o orgânico e o psíquico) é algo que nem sequer comecei
a imaginar”. Essa carta de 22/09/1898 é a mesma em que aparece o segundo
exemplo de análise do esquecimento de nome próprio e envolvia a viagem a
Orvieto e a cena da “ressurreição da carne” de Signorelli. Esta análise foi
publicada no mesmo ano como num pequeno ensaio, “O mecanismo psíquico do
esquecimento”. Na carta registrou que o esquecimento do nome Signorelli estava
ligado ao contexto da conversa com o companheiro de viagem: “Na conversa, que
despertou lembranças que obviamente causaram o recalcamento, falamos sobre a
morte e a sexualidade”. Os temas da conversa foram atravessados pela imagem dos
corpos esculpidos/pintados por Signorelli. “Como posso tornar isso crível aos
olhos de outrem?”, perguntou Freud diante de seu embaraço em encaixar o
somático e o psíquico e justificar assim o recalcamento: o fato de não haver
representação psíquica para a morte e a sexualidade.
Conforme o próprio Freud descreve em “as associações do paciente
retrocediam, a partir da cena que tentávamos elucidar, até as experiências mais
antigas e compeliam a análise, que tencionava corrigir o presente ao ocupar-se
do passado. Esta regressão nos foi conduzindo cada vez mais para trás, até os
anos da infância que até então permaneciam inacessíveis a qualquer espécie de
exploração. Essa direção regressiva tornou-se uma característica importante da
análise”. A contribuição da regressão para o tratamento das neuroses é um fato
muito importante a partir de Freud. Atualmente a regressão é usada em
diferentes profissões que tratam a mente humana e até serve para ratificar
teorias sobre vidas passadas. A regressão é um instrumento valioso de pesquisa
de comportamento, tornada, por Freud, num instrumento de pesquisa em favor da
psicanálise.
Em sua obra mais conhecida, A Interpretação dos Sonhos, Freud explica o
argumento para postular o novo modelo do inconsciente e desenvolve um método
para conseguir o acesso ao mesmo, tomando elementos de suas experiências
prévias com as técnicas de hipnose.
Como parte de sua teoria, Freud postula também a existência de um
pré-consciente, que descreve como a camada entre o consciente e o inconsciente
(o termo subconsciente é utilizado popularmente, mas não é parte da
terminologia psicanalítica). A repressão em si tem grande importância no
conhecimento do inconsciente. De acordo com Freud, as pessoas experimentam
repetidamente pensamentos e sentimentos que são tão dolorosos que não podem
suportá-los. Tais pensamentos e sentimentos (assim como as recordações
associadas a eles) não podem ser expulsos da mente, mas, em troca, são expulsos
do consciente para formar parte do inconsciente.
Embora ao longo de sua carreira Freud tenha tentado encontrar padrões de
repressão entre seus pacientes que derivassem em um modelo geral para a mente,
ele observou que pacientes diferentes reprimiam fatos diferentes. Observou
ainda que o processo da repressão é em si mesmo um ato não consciente (isto é,
não ocorreria através da intenção dos pensamentos ou sentimentos conscientes).
Em outras palavras, o inconsciente era tanto causa como efeito da repressão.
Contribuições de Freud para as
ciências
Uma importante contribuição freudiana para a humanidade é o cuidado com a
criança já que o homem é formado na infância.
Freud inovou em dois campos. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da
mente e da conduta humana, e uma técnica terapêutica para ajudar pessoas
afetadas psiquicamente. Alguns de seus seguidores afirmam estar influenciados
por um, mas não pelo outro campo.
Provavelmente a contribuição mais significativa que Freud fez ao
pensamento moderno é a de tentar dar ao conceito de inconsciente um status
científico (não compartilhado por várias áreas da ciência e da psicologia).
Seus conceitos de inconsciente, desejos inconscientes e repressão foram
revolucionários; propõem uma mente dividida em camadas ou níveis, dominada em
certa medida por vontades primitivas que estão escondidas sob a consciência e
que se manifestam nos lapsos e nos sonhos. Ele mesmo descreve algumas
contribuições para a posteridade, as que ele tem consciência, como: /teoria da
Repressão e da Resistência, o reconhecimento da sexualidade infantil e a
interpretação psicanalítica e exploração de sonhos como fonte de conhecimento
do inconsciente, a livre associação, complexo de Édipo. Porém ele mesmo descobre
que a teoria da repressão não é tão original assim, pois o filósofo
Schopenhauer, 1788-1860, já havia feito um esboço da mesma. Mas para o mundo da
psicanálise ela é original. A teoria da repressão, segundo Freud, “é a pedra
angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise”. Freud por sua
perseverança nas investigações da mente nos proporcionou a oportunidade de
desfrutar de suas descobertas. Freud perdeu amigos, reputação médica,
sacrificou sua vida econômica ao optar pela pesquisa em fez do consultório,
quando reduziu ao máximo seus pacientes. Esse amor, dedicação e paixão pela
mente humana fez de Freud um grande contribuidor para a história humana. Em
questões de mente podemos dividir o ocidente antes e depois de Freud.
Apesar da hostilidade do mundo científico da primeira década do século
xx, a psicanálise se expandiu na segunda década e passou a contribuir com
diferentes áreas do conhecimento. A rejeição à psicanálise pela comunidade
médica não a impediu de se desenvolver inicialmente no tratamento de neuroses.
Seu sucesso terapêutico incentivou os pesquisadores a continuar no caminho. No
decorrer de seu desenvolvimento, a técnica da psicanálise se tornou tão
definida quanto a de qualquer outro ramo especializado da medicina. A
psicanálise é uma ciência jovem e ainda está em fase de pesquisa e formação,
mas em rápido desenvolvimento. Mesmo qualquer ramo da ciência está
continuamente em crescimento e em simbiose, podemos dizer assim. Já que uma
necessita da outra para se afirmar e produzir resultados.
REFERÊNCIAS
JOLIBERT, Bernard. Sigmund Freud, Tradução e
organização de Elaine Terezinha Dal Mas Dias. Recife: Editora Massangana, 2010.
FREUD, S. O esquecimento de nomes próprios em " A
psicopatologia da vida cotidiana". ESB. Rio de Janeiro: Imago, v.VI,
cap.I, 1976.
Revista
Coleção Guias da Psicanálise – Vol.3 – Freud. Para além da psicanálise.
Correspondência
Completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess (1887-1904). Editada por Jeffrey
Moussaieff Masson. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Imago, 1986.
CRÉDITOS
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