A
pulsão sexual
A
“pulsão sexual” precisa ser saciada tanto quanto a fome. É um pouco estranho
porque o desejo sexual não que não chega a relação sexual não afeta o organismo
e nem mata, mas a fome mata, isso do ponto de vista fisiológico, mas do ponto
de vista psicológico, segundo Freud, o desejo reprimido é causa de neuroses.
Comparado à fome do desejo sexual pode ser colocado em segundo plano quando a
intensidade da fome for um caso de vida ou de morte. Provavelmente entre a
saciedade da fome e do desejo sexual, um faminto ao extremo, suponho,
escolheria saciar sua fome. Alimentar-se seria uma questão de vida ou de morte
para ele.
O
sexo é inerente ao ser humano e é porte da sua vida, ou melhor, é sua vida
desde o ventre materno até a hora da morte do indivíduo. As satisfações sexuais
têm variantes diversas e é sobre elas que Freud faz as reflexões nesses
artigos. Vejamos algumas dessas variantes.
Bissexualidade
As
necessidades sexuais podem serem “saciadas” tanto entre pessoas do mesmo sexo
como de sexo oposto, já que o ser humano, segundo Freud, é bissexual.
Perversões
As
perversões dão-se quando o alvo sexual é distorcido e acontecem as parafilias,
que são padrões de comportamentos
sexuais nos quais as fontes de prazer não é o ato sexual em si mas outras
atividades sexuais, às vezes estranhas aos caminhos normais que levam à cópula.
Homossexualidade
Freud
trata a homossexualidade como uma prática anormal, uma fez que chama a prática
heterossexual de “ato sexual normal”. “Alguns aceitam a inversão como algo
natural, tal como os normais aceitam a orientação de sua libido e defendem sua
igualdade de direitos com os normais”. Essa observação de Freud é interessante
para a reflexão do debate entre os defensores dos direitos dos grupos gays. No
entanto deve-se considerar Freud no seu tempo, com o estágio da ciência de
então. Mesmo assim as observações dele com relação aos invertidos vão além do
seu tempo. Para ele os invertidos não são degenerados, no sentido de
degeneração de sua época. Ele enumera várias nuances de invertidos. Dentre suas
observações estão: 1) Encontra-se a inversão em pessoas que não apresentam
desvio da norma, portanto normais. 2) Pode ser encontrada a inversão em pessoas
eficientes e que inclusive se destacam por um desenvolvimento intelectual e uma
cultura ética particularmente elevados. Por fim ele observa que a inversão é
“extremamente difundida em muitos povos selvagens e primitivos, aos passo que o
conceito de degeneração costuma restringir-se à civilização elevada...” Freud
explica os vários tipos de inversão considerados por ele como caráter inato, e dá
duas explicações para a inversão; a homossexualidade prematura e as influências
externas. Por fim ele diz que seria assombrosa quando fosse uma característica
inata e que se pensasse em trata-la através da hipnose.
Bissexualidade
Freud
traspõe as questões biológicas para o campo psíquico. O hermafroditismo
biológico pode ser analogamente, tratado como hermafroditismo psíquico. Apesar
de ser uma boa ideia, Freud diz que “não é possível imaginar relações tão
estreitas entre o suposto hibridismo psíquico e o hibridismo anatômico
comprovável”. A doutrina da bissexualidade foi exprimida por um porta-voz dos
invertidos masculinos. A substituição do problema psicológico pelo anatômico é
inútil, segundo Freud. Ele faz essa referência em relação à ideia de “um cérebro
feminino num corpo masculino”.
A
bissexualidade dota o indivíduo tanto de centros cerebrais masculinos como
femininos, mas Freud dez que esses “centros” masculinos e femininos “nem sequer
sabemos se cabe presumir, para as funções sexuais, áreas cerebrais delimitadas
como as que supomos para a fala”. Freud
só podia explicar a bissexualidade e a homossexualidade a partir dos
conhecimentos do seu tempo como já ficou referido nesse trabalho. Cabe-nos
aprofundar as sugestões dele utilizando-nos dos conhecimentos do nosso tempo.
Desvios
e perversões
Pedofilia
Freud
vê os pedófilos como indivíduos covardes e trata a pedofilia como aberração
sexual.
Uso
sexual da mucosa dos lábios e da boca
O
uso da boca com órgão sexual é considerado como perversão quando a parte oral
entra em contato com as genitálias.
Relação
sexual anal
O
interesse sexual por outra partes do corpo, segundo Freud, proclama a intenção
do apoderamento do objeto sexual em todos os sentidos. Certas partes do corpo
como as mucosas anais e bucais aparecem frequentemente nas relações sexuais.
Fetichismo
A
substituição do objeto normal por outro que guarda relação com ele, mas que é
impróprio para servir de alvo sexual normal. O fetichismo só é patológico
quando é vivenciado de forma exagerada.
Relações
sociais e desvios sexuais
A
anormalidade manifesta nas outras relações da vida, que não as sexuais,
costumam mostrar invariavelmente um fundo de conduta sexual anormal. Talvez
justamente nas perversões mais abjetas é que devamos reconhecer as mais abundante
participação psíquica na transformação da pulsão sexual. A pulsão de crueldade
em suas formas ativa e passiva é indispensável à compreensão da natureza
sofrida dos sintomas e domina quase invariavelmente uma parte da conduta social
do doente. A partir dessas considerações de Freud entende-se que as perversões
pesadas em desvios sexuais como sadismo, masoquismo, necrofilismo etc. derivam
de desvios sexuais.
Sexualidade
infantil
Os
neuróticos preservam o estado infantil de sua sexualidade. Freud estuda a
sexualidade adulta através do estudo da evolução da pulsão sexual desde a
infância. Ele faz referências a várias manifestações de prazer que a criança revela
desde a fase a amamentação e toma como exemplo dessas manifestações o chuchar
já que o mesmo não estaria ligado apenas ao ato da alimentação em si. Nesse
sentido o chuchar é uma prática auto erótica que satisfaz o próprio indivíduo
que a pratica. Talvez não haja ligação desse ato com nenhuma satisfação sexual,
mas ele pode está na base de todas as satisfações. Essa prática é classificada
como o primeiro prazer da criança e se manifesta já no útero materno; é o
prazer oral. Após o nascimento temos o prazer anal e Freud faz relação desse
prazer com alguns sintomas revelados em comportamentos relacionados ao
intestino.
Na
sexualidade infantil a zona genital não desempenha o papel principal nem pode
ser portadora das moções sexuais. A sexualidade infantil é o germe que segue
uma trajetória e desabrocha na vida adulta, conforme seu desenvolvimento seu
desabrochar pleno poderá ser normal ou partir para as perversões leves e até
graves. O desfecho do desenvolvimento constitui a chamada vida sexual normal do
adulto.
Conclusão
A
nossa sexualidade nasce conosco e não vem misteriosamente em nossa vida num
momento posterior. É ela que dá o colorido às nossas relações sociais primeiro
com nossos pais. Se nossa infância não foi bem conduzida no aspecto sexual
vivemos neuróticos na vida adulta. O desenvolvimento sexual infantil carregado
de tabus e vivências negadas deixa marca no inconsciente gerando angústias a
atitudes conscientemente não explicáveis numa vida adulta madura. A fonte das
perversões sexuais está na vivência infantil, daí a importância de uma educação
sexual praticada nas escolas e difundida por toda a sociedade ser necessária
para a formação de um mundo mais humano no sentido pleno de humanidade madura.
A conduta sexual está lado a lado, emparelhada com a conduta não-sexual. O
indivíduo é único e sexuado e como tal se insere na sociedade, muitas vezes com
todas suas neuroses provenientes de má formação da sexualidade. Freud nos deu
uma grande contribuição com o estudo da sexualidade infantil.
BIBLIOGRAFIA
OVERSTREET,
Harry Allen. A Maturidade Mental. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1978.
FREUD, Sigmund. Um caso de Histeria. Três
ensaios sobre a teoria da Sexualidade e outros trabalhos – Apostilha.
Um comentário:
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Carol
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