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sábado, 26 de julho de 2014

O LIVRO NEGRO DA PSICANÁLISE. VIVER, PENSAR E IR MELHOR SEM FREUD

Foram quarenta autores os criadores dessa obra entre eles Mikkel Borch-Jacobsem, Jean Cotraux, Didier Pleux e Jaques Van Rillaer, que em 2005 publicaram os resultados de suas pesquisas para derrubar um único pensador e sua obra: Freud. Certamente não conseguiram e nem conseguirão. O Livro Negro trata a psicanálise como “lenda freudiana” e promete ajudar o ocidente a se livrar dessa lenda. No lugar da psicanálise é colocada a terapia cognitivo-comportamentalista (TCC) e os psicotrópicos. França, Brasil e Argentina são tratados como abrigos de raças inferiores culturalmente e atrasadas. Os Estados Unidos seriam os abrigadores da raça mais pura e intelectualizada que já teriam assassinado a psicanálise e feito sua sepultura. Para uma nação o que vale agora, na era pós-psicanalítica é o cérebro, como máquina e as pílulas com a missão científicas de consertar essa máquina. O sinônimo de evolução é o indivíduo humano desalmado, mecânico e consertável. Todos os psicanalistas são criticados, sem exceção. Os mais atacados são Freud e Lacan. Parece que esses autores prestam serviços aos laboratórios farmacêuticos, devido ao valor intrínseco dado ao uso de psicotrópicos para curar ou tratar todos os males da mente do homem máquina biológica. Banir a psicanálise seria um benefício para a humanidade, como se a humanidade tivesse acesso aos benefícios da mesma. A humanidade pode viver melhor sem Freud, como se isso fosse possível. Freud marcou a passagem do século XIX para o XX que se construiu com ele. Se pudéssemos tirar o pensamento freudiano das mentes deixaríamos um vazio no conhecimento que não seria preenchido por nada.
Os tratamentos mentais propostos pelos autores seriam apenas aqueles fornecidos pelas neurociências e pelas TCC (terapias cognitivas-comportamentais). O livro apresentar o indivíduo humano como sujeito pragmático, dotado apenas de matéria, que se capacita a buscar sua própria autoajuda lançando mão dos psicotrópicos à disposição nas farmácias. A finalidade dos psicotrópicos é normalizar os comportamentos dos indivíduos e eliminar os sintomas mais dolorosos do seu sofrimento psíquico, sem que se busque qualquer significação para o mesmo. Lembrei-me de minha tia que tinha um plano funerário. Quando o marido dela morreu a funerária providenciou tudo para o velório, desde os anúncios fúnebres, sepultura e tudo que foi necessário. A família não precisou se envolver com nada. O que me chamou a atenção foi a presença de uma auxiliar de enfermagem que verificava a pressão arterial dos familiares e dava calmantes a todos que chorassem. Minha tia ficou dopada, já velhinha a coitada, os calmantes foram fortes para ela que perdeu o contato com a realidade e não viu o enterro do marido. Esse episódio a afetou profundamente. Ela não se conformava em não ter podido ao menos ver a saída do marido para o cemitério. Que coisa estranha; as pessoas não enterrarem seus mortos.
 Voltando ao assunto do livro negro: vejo a psicanálise com tanta importância a ponto de merecer o esforço de quarenta estudiosos para escreverem sobre ela. Os psicanalistas devem agradecer os esforços desses escritores que prestaram um grande serviço à psicanálise propagandeando-a. Outro aspecto que o livro deixa entrever é que tudo que não vem dos Estados Unidos é mau. Lógico que os Estados unidos não são esse punhado de caronistas da psicanálise. Eles se insurgem contra a psicanálise, mas não conseguem explicar a imaterialidade do pensamento humano, o porquê dos pensamentos. O cérebro é uma fábrica de pensar, mas há algo além dos pensamentos que os conduzem, estimulam, lhes dão caminhos e os tornam protótipos de modelos imagéticos capazes de serem executados, materializados. A história de vida do sujeito o leva às suas construções mentais e físicas. O pensamento não é apenas físico, mecânico e material. Pode-se dizer que é energia que movimenta o motor da criatividade. As palavras, ações, artes, paisagem, etc. que são exteriores ao sujeito interagem no processo e o auxilia nos seus pensamentos que movimentam o motor histórico da mente individual e ajuda ao ser humano a fazer e refazer permanentemente seus caminhos mentais. Os neurocientistas consideram o pensamento humano como um modelo de computador que trata a informação mecanicamente: O indivíduo recebe informação do meio e as tratam efetuando operações sobre as mesmas e as devolvem ao meio. Parece com as avaliações dos professores que explicam o assunto, o aluno processa o mesmo e o devolve para o professor ver se está de acordo com o que ele ensinou.

"Como julgar Freud ultrapassado quando ainda não o compreendemos totalmente"? Jacques Lacan.

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