Total de visualizações de página

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Criança é analisável?

Partindo de uma abordagem histórica sobre a análise de crianças até a evolução atual dessa prática com Winnicott e E. Bick. Segundo Celso Gutfrein; Freud, com o pequeno Hans, abriu espaço para a compreensão do mundo infantil.
    A análise de crianças se processa sobretudo com as questões das relações entre a tríade pai-mãe-criança e as situações vividas pela criança – complexo de Édipo. Freud orienta o processo de análise do pequeno Hans feita pelo Sr. M. Graf, pai mas inclui a mãe e várias situações da análise. É importante salientar que na análise do pequeno Hans, Freud estava preocupado em confirmar suas hipóteses sobre a teoria da sexualidade infantil e o conflito edípico como estruturador da neurose. O caso Hans é a grande contribuição freudiana à psicanálise com crianças. Se, por um lado, o autor encarava o uso da psicanálise com os pequenos apenas como “experiência pedagógica”, por outro, ele foi capaz de reconhecer a sensibilidade da criança às intervenções de uma análise.
        Criança se angustia?
      Criança se angustia, tem fobia e sofre. Ela é analisável. Freud afirma que a psicanálise não poderia ser feita com crianças, isso em 1912, mas o caso Hans foi em 1908, portanto anterior a esta afirmação. Em 1933 Freud afirma que a psicanálise com crianças fracassa devido as próprias condições da criança.
        A criança deve ser ouvida?
     Para Freud a criança deve ser ouvida, mas por que ele escolheu o pai de Hans como intermediário do processo de análise? Freud modifica a relação pai e filho. No caso do pequeno Hans, opai se torna num ouvinte do próprio filho e, permissivo, apenas conduz o pequeno para relatar suas reações ao professor.
    Como a criança livre associa?
  Melanie Klein colocou o desenho como paralelo com a livre associação, os gestos e reações com o psicanalista, com a mãe e/ou com o pai presentes. Também a resistência e/ou defesas da criança em relação ao que acontece no setting, fazem sentido na livre associação.
    Pioneira na análise de crianças
    Hermine-Hug-Hellmuth foi a pioneira da análise de crianças, aplicando as teorias de Freud. (Congresso Internacional de Haia – 1920). Sophie K. Mogestern apresentou sua técnica de psicanálise com crianças em 1927 a partir do desenho, no caso da menina
com mutismo. Ana Freud publicou seu livro “Psicanálise de crianças” em 1927. Melanie Klein publicou o livro “A Psicanálise com crianças e 1932. Melanie Klein considera na análise, as relações vinculares da criança com seus familiares, pais, mães e irmãos e considera as brincadeiras das crianças como análogas às livres associações dos adultos. Mais tarde, Winnicott tira de Klein as ideias para seus trabalhos psicanalíticos, mas as usam a seu próprio modo. Ele escreve: o que faz com que um bebê comece a existir, a sentir que a vida é real, a achar que a vida vale a pena ser vivida é o cuidado maternal. O papel essencial da mãe é proteger o self do seu bebê. (Winnicott, D. V. A Localização da experiência cultural (1967), P. 116).
        A questão da transferência
     Os procedimentos acontecem no setting onde se trabalha as constelações psíquicas envolvidas mais de perto na formação da criança. O psicanalista passa a fazer parte do processo. A criança é o paciente, mas os pais fazem parte do processo de cura quando se curam. A transferência se dá entre todos os envolvidos no processo de cura; pais e criança, mesmo porque se os pais não transferirem, eles retiram a criança da análise. Para E. Bick, os pais devem ser incluídos no setting, uma vez que a compreensão da criança se dá a partir de suas relações. Muitas vezes tratando os pais a criança se cura.
BIBLIOGRAFIA
    ANZIEU, Didier. Psicanalisar. Aparecida, SP. Idéias & Letras, 2006.
    COMÉNIO. Jan Amós. Didática Magna. 4. Ed. Lisboa. Fundação Colouste Gulben-Kian, 1992.
    LIBÂNEO. José Carlos. Docência universitária: formação do pensamento teórico-científico e a atuação nos motivos dos alunos. Curitiba CRV, 2009.
    PHILLIPS, Adan. Winnicott. Aparecida, SP. Idéias & Letra, 2006.
Revista Psique. Edição especial. Artigo: “Novos Rumos para a Psicanálise”. José Renato     Avzaradel, p. 32 a 39 e “Crianças, Cem anos de Existência”. Nara Amália Caron, p. 26 a 31.
Este texto dá a impressão que foi construído em tópicos. Isso acontece porque ele foi copiado de slides de uma aula que ministrei sobre análise de crianças, mesmo tentando organizar ainda ficou esquisito.

Nenhum comentário: