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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Autolesão não suicida (ALNS)

    Na escola, enquanto professora, me deparei com muitos adolescentes que se autolesionavam, a maioria meninas. Eles escondiam os braços, pernas e coxas cortadas de gilete, estilete, caco de vidro e qualquer material cortante ou perfurante, também se queimavam com pranchas de cabelo e cigarros acesos. quando eles se dispunham a mostrar as feridas eu sentia a altura do grito impresso naqueles riscos feitos na pele. Muitos estudiosos chegaram à conclusão de que um dos motivos da autolesão é querer aparecer, mas era bem difícil convencê-los a mostrar suas lesões. Na minha observação, cheguei à conclusão de que esse comportamento autodestrutivo é uma forma de exteriorização do grande sofrimento psíquico pelo qual passam esses jovens. No entanto, a autolesão não tem um só motivo, muitos a usa para se auto-punir, outros sentem prazer em se ferir, mas no geral é um pedido de socorro aos adultos, é a forma que eles encontram para dizer que estão precisando de ajuda. Normalmente eles usam blusas de frio para encobrir as cicatrizes, mesmo que esteja fazendo o maior calor.
    Esse comportamento sugere que o adolescente está passando por momentos muito difíceis. Muitas vezes são comportamentos de autopunição, eles podem achar que merecem, também há a questão da imitação, muitos fazem essas marcas no corpo em grupos, mas não deixa de ser um motivo para que os familiares, professores e amigos os oriente a buscarem ajuda profissional. 
    Muitos adolescentes vão aprofundando as autolesões  e podem chegar até ao suicídio. Há outros fatores de riscos na autoflagelação quando associada com outras condições psiquiátricas. 
    Em todas as escolas, mais precisamente onde há o Ensino Médio, há adolescentes que se autolesionam. Os professores ou a direção da escola devem entrar em contato com a família do adolescente e providenciar o encaminhamento para o acompanhamento médico e/ou psicológico.
    O comportamento parece diminuir após a idade adulta. A Terapia Cognitivo-comportamental pode ser eficaz em muitos casos. Há outros acompanhamentos psicológicos que surtem efeitos. Todo profissional da área psi está capacitado a acompanhar o adolescente nessas condições de saúde. Se o comportamento for apenas de se machucar sem que haja um comprometimento psicológico associado, um psicologo resolve, se houver comorbidades mentais então o profissional indicado é o psiquiatra.

Próximo tema: Comportamentos suicidas em crianças e adolescentes.
Professora Josefa Libório: psicanalista e hipnoterapeuta.

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