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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Medo de quê?

Não há medo sem causa. Muitas situações de perigo vividas por nós ficam gravadas na memória e são despertadas ao nos depararmos com outras situações que lhes são similares, ou que despertem a mesma emoção vivida, em ocasiões passadas e que nos causaram medo. A mente não tem passado, ela é sempre presente. Não é necessário que nos deparemos com o mesmo objeto ou situação que nos causou medo. Se a mente associar uma situação a outra já vivenciada o medo reaparece. Também podemos ter medo no medo dos nossos pais que presenciamos quando éramos crianças. Se a mãe tem pavor de aranha ou de borboleta e se desespera a cada vez que se depara com um desses insetos, o filho ou filha tende a achar que esses insetos são muito perigosos. Outro exemplo, tem mães que provocam medo nas crianças ameaçando-as com bichos que vêm pegá-las e essas crianças ficam realmente com medo desses bichos e muitas levam esse medo para a vida adulta. Hoje presenciei, na internet, uma brincadeira feita com crianças e os adultos se divertindo. É o medo do Gustavo Lima, as crianças não sabem quem é o Gustavo Lima, mas a maneira como os adultos gritam: "lá vem o Gustavo Lima!" faz com que a criança se sinta ameaçada por esse personagem que ninguém sabe como ela o está representando na sua imaginação. Os adultos estão implantando emoções negativas nas crianças que mais tarde poderão ser revividas por medos difusos, que elas não sabem explicar porque estão com medo. O medo é ativado pelo cérebro involuntariamente, quando a gente vive momentos estressantes. Ele está associado ao instinto de sobrevivência e ligado também à memória filogenética. Freud diz que "o quanto à disposição filogenética pode contribuir para a compreensão das neuroses, não podemos ainda estimar". Mas não só, o ambiente e a história de vida do indivíduo também influenciam nos seus medos.
    Consideremos o medo que muitas pessoas têm da covid 19. O perigo é real: insegurança quanto ao futuro pós pandemia, tristeza diante de tantas mortes e da falta de conhecimento da medicina para poder debelar o vírus, etc. As pessoas não reagem por igual, têm muitas que não apresentam medo nenhum, outras morrem de pavor só pensando na possibilidade de contrair a doença. Isso depende muito de como ela foi aprendendo a lidar com situações estressantes durante a vida, depende de crenças religiosas, de status social e de convivência de infância, (memória ontogênica).
    Diante do medo procure adquirir novos hábitos, praticar exercícios, caminhadas, bordar, costurar, pintar, fazer chamadas por vídeos àquelas pessoas que faz tempo que não conversamos. Se você mudar um palito, a situação toda muda. 
    Quando o medo vem junto com pânico, insônia, dores de estômago, falta de apetite e outros incômodos, é hora de buscar ajuda profissional.

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