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sábado, 22 de agosto de 2020

O bebê é um artista

    

    O bebê, nos relatos de Winnicott, descobre o mundo em primeiro lugar criando, ele nasce um artista, é preciso que ele tenha suporte necessário para desenvolver sua criatividade. A psicanálise não pode tratar um bebê como um pequeno adulto, mesmo sabendo que no no início do desenvolvimento da psicanálise era assim. Na época em que Freud iniciou suas reflexões psicanalíticas estávamos no tempo de virada do século XIX, onde deixaríamos de perceber uma criança como um pequeno adulto. Abro um parêntese para frisar que ainda existem muitas mães que vestem suas crianças com roupas adultas em miniaturas. A psicanálise evoluiu, como evoluíram tantas outras coisas, e nela o bebê e a criança tomam seu lugar. É uma perda muito grande para a humanidade quando os pais, principalmente a mãe, não estimula ou até poda a criatividade da criança. Nesse ponto discordo de Freud de que o desenvolvimento humano se dá com a desilusão, onde crescer seria um processo de luto. Crescer é um processo onde haja um diálogo saudável e os limites sejam demarcados na linha da segurança e do amor dentro da boa convivência familiar. O que o bebê precisa para crescer emocionalmente saudável é estar inserido numa família harmônica que o trate como ser humano independente emocionalmente e criativo onde possa desenvolver seu ego tornando-se pessoa. Então, nessa perspectiva o desenvolvimento humano saudável não se da pelo conflito mas pela harmonia.

    A desilusão do bebê há de acontecer mas de forma natural, quando ele perceber que a mãe é um ser independente e que não pertence a ele. Nessa percepção é que ele deve crescer, negociando com a mãe para dominá-la e ao mesmo tempo sabendo dessa impossibilidade. Sentindo-se, naturalmente desapontado pela mãe.

    Quando essa vivência se dá, presume-se que a criança já passou pela fase em que viveu intrinsecamente ligada à mãe. Naturalmente essa fase da frustração já se inicia com a negação do peito e se confirma com o desmame, onde deverá acontecer o início do processo de individualização pessoal. As frustrações virão para o bebê como virão para todos, não é necessário que a mãe e o pai o fruste de propósito ou, sem propósito. É difícil contribuir para a formação saudável do ser humano, pois nós todos não somos tão saudáveis assim.

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